Intervenção 1:

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No contexto de crescimento do conservadorismo, pós Golpe de 2016, as artes tem sido um segmento vítima de arbitrariedades que mais lembram os períodos da Ditadura de 64. Desde 2017, obras de arte vem sendo proibidas, artistas atacados e até curadores e artistas levados coercitivamente para prestar depoimento.

Alguns casos mais emblemáticos são: censura à exposição Queermuseu e ataques ao curador Gaudêncio Fidelis, em Porto Alegre; difamações contra o coreógrafo Wagner Schwartz e o Museu de Arte Moderna de São Paulo; proibição de realização de uma exposição no Museu de Arte do Rio; censura à artista Simone Barreto, em Fortaleza e patrulhas conservadoras em exposições de Minas Gerais e da artista Alessandra Cunha, em Mato Grosso do Sul.

Recentemente, a obra do pintor e quadrinista Gidalti Moura Jr, ganhadora do Prêmio Jabuti 2017, que mostra um personagem de rua sendo perseguido por um policial com um cassetete na mão recebeu críticas de um policial militar no Facebook. A partir dai, a obra foi censurada da exposição em que se encontrava, no Parque Shopping Belém, no Pará.

Diante desta situação, nós do Coletivo Aparecidos Políticos, de Fortaleza-CE, resolvemos criar uma contra-ofensiva às censuras às artes, a partir da realização de uma Intervenção artística: esta nossa contra-ofensiva, um projeto artístico denominado “Intervenção Contra Intervenção” recebeu, recentemente, uma premiação no 69º Salão de Abril.

O objetivo desta nossa contra-ofensiva é repassar metade da premiação que recebemos para intervir nos ataques conservadores. A ideia é criar uma espécie de retroalimentação em que, quanto mais se ataque ou censure um artista ou movimento social, mais financiamento e mais apoio simbólico ele ganha.

Para essa nossa primeira iniciativa escolhemos doar a Gidalti Moura Jr., R$ 50 , por dia, até quando a obra estiver censurada na citada exposição.

Coletivo Aparecidos Políticos

#ContraCensura

Obs: Você está sabendo de alguma censura às artes em sua cidade?

Comunique a gente: [email protected] ou pelo nosso Perfil do Facebook: facebook.com/aparecidos.politicos/

 

 

 

 

Intervenção 2:

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A Ditadura Militar de 1964-85 era nomeada pelos militares de “Revolução de 64” na tentativa de escamotear o rompimento violento da democracia. Hoje em dia, quem derrubou a presidente eleita pelo voto popular, Dilma Rousseff, tenta, a todo custo, manter o nome “impeachment” para tentar criar um certo ar de “normalidade democrática”.

Na verdade, não houve um impeachment porque não existiu crime de responsabilidade e nós não vivemos em uma normalidade democrática. O Golpe de 2016 e suas consequências tem demonstrado cada vez mais o seu fracasso na corrupção que continua e nas restrições ao direito social que nem o mais conservador dos candidatos teria coragem de levar ao crivo popular das urnas. E para piorar, apesar dos militares não terem dado diretamente o golpe continuam opinando na política (como fez o General Vilas Boas que chantageou o STF antes da votação da prisão do Lula) ou defendendo abertamente a Intervenção Militar (como o fez o já afastado General Mourão).

Neste contexto, uma série de Universidades, dentro de suas autonomias previstas em Constituição, tem criado disciplinas sobre o Golpe de 2016, no intuito de debater a conjuntura atual e desconstruir o discurso hegemônico que tenta nos incutir um ar de normalidade.

Recentemente, parcelas do poder judiciário tem tentado proibir a existência dessas disciplinas, numa clara tentativa de cercear a liberdade de pensamento acadêmico, e o mais grave, a autonomia das universidades. Um dos casos é uma ação do Ministério Público Federal do Ceará, que através do procurador Oscar Costa Filho, quer suspender a disciplina “O Golpe de 2016” na Universidade Federal do Ceará. A UFC viu com estranhamento esse pedido.

Diante desta situação, nós do Coletivo Aparecidos Políticos, de Fortaleza-CE, resolvemos criar uma contra-ofensiva ao cerceamento da liberdade de pensamento a partir um projeto artístico denominado “Intervenção Contra Intervenção” que recebeu uma premiação no 69º Salão de Abril.

O objetivo desta nossa contra-ofensiva é repassar metade da premiação que recebemos para intervir nos ataques conservadores. A ideia é criar uma espécie de retroalimentação em que, quanto mais se ataque ou censure uma iniciativa progressista, mais financiamento e mais apoio simbólico ela ganhará.

Enquanto a ação do MPF que tenta suspender a Disciplina “Golpe de 2016” estiver tramitando, doaremos R$ 5, por dia de tramitação, para aquisição de textos e livros para a disciplina.

Esta intervenção estará em curso até o final da 69ª edição do Salão de Abril.

Fortaleza, 7 de maio de 2018.

Coletivo Aparecidos Políticos

Obs: Você está sabendo de alguma censura em sua cidade? Comunique a gente: [email protected] ou pelo nosso Perfil do Facebook: facebook.com/aparecidos.politicos/

Notícias sobre a suspensão de disciplina:

https://www.opovo.com.br/noticias/fortaleza/2018/04/golpe-de-2016-ufc-ve-com-estranhamento-pedido-de-suspensao-de-dis.html

https://www.opovo.com.br/noticias/fortaleza/2018/04/mpf-pede-suspensao-da-disciplina-golpe-de-2016-da-ufc.html