ask 3031566/da-argentina-para-fortaleza-um-exemplo-de-luta.shtml” target=”_blank”>Em O POVO, doctor 01/04/2013, for sale

“Continuamos atados à capenga Lei da Anistia, declarada nula pela Corte Internacional de Direitos Humanos”

 

Intervenção Arte Callejero
Intervenção Arte Callejero

No período em que se completam 49 anos do golpe militar e quase um ano de instalação da Comissão Nacional da Verdade (CNV), ainda são tímidos os avanços dessa instância criada para averiguar violações cometidas pela Ditadura de 1964-1985. Como alerta uma avaliação da CNV elaborada por movimentos sociais, o número de militares chamados para depor até agora é irrisório; há indicações de que documentos continuam, de maneira ilegal e antidemocrática, a ser sonegados à CNV; não se avançou na identificação de restos mortais de pessoas assassinadas pela Ditadura, nem dos locais onde se encontrem corpos de desaparecidos, assim como não se produziu novidades na investigação de casos como da Guerrilha do Araguaia, do atentado ao Riocentro e do Parasar.

Diante dessa situação letárgica, – admitindo avanços no caso Rubens Paiva e Herzog – continuamos atados à capenga Lei da Anistia, declarada nula pela Corte Internacional de Direitos Humanos e redigida ainda na época da ditadura por dois terços de parlamentares biônicos.

Tendo em vista esse contexto inquietante, faz-se necessário observar experiências da consolidação da democracia de países vizinhos que passaram por ditaduras, no mesmo período do Brasil, como Argentina, Bolívia, Chile, Guatemala, Paraguai e Uruguai. A maioria dos “hermanos” já avançou para além de suas comissões da verdade e chegou, em alguns casos, a levar seus ditadores para trás das grades.

Com o objetivo de se inspirar nesses exemplos, o Coletivo de arte ativista Aparecidos Políticos insere Fortaleza no âmbito internacional e traz para a cidade, na semana do golpe militar, através do IV Prêmio Leonilson de Artes Visuais, a experiência de um dos países que mais avançaram nessa luta: a Argentina. Entre os dias 29 de março a 6 de abril integrantes do Grupo de Arte Callejero estarão aqui expondo alguns casos argentinos, participando de debates e realizando oficinas de “esculachos” e intervenção urbana para estudantes das três maiores universidades do Estado. A programação é aberta também para profissionais, gratuita e pode ser acessada pelo www.aparecidospoliticos.com.br.

Em momentos atuais, em que alguns militares insistem em desobedecer a comandante em chefe das Forças Armadas Dilma Rousseff, e comemorar golpe de estado, faz-se necessário manter os olhos abertos diante dos “Bolsonaros e Felicianos da vida”. Olhemos para nossos hermanos vizinhos e aprendamos como se faz na luta por memória, verdade e justiça.

Alexandre Mourão
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Psicólogo, mestrando em Educação pela UFC e membro do Aparecidos Políticos

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